Há certos costumes que são universais, o ser humano gosta de
recordar, deixar marcas de que esteve em algum lugar, gosta de cristalizar o
momento, seja em fotos ou no uniforme da escola, assinado por todos os amigos e
pelos não tão amigos, nessa hora algumas
diferenças são postas de lado. O que vemos na foto do post é o último dia de
aula, e os uniformes da escola transformados em roupas cápsulas do tempo, que
serão guardadas para daqui 20 ou 30 anos serem relembradas. O que nos remete a
tentarmos nos lembrar do último dia de aula, das festas de despedidas do ensino
médio. O que eles tentam fazer é
eternizar essa despedida, é preciso uma prova física, palpável, a assinatura do
nome do colega, do apelido, no uniforme, porque, brevemente, tudo irá se desfazer,
muitos não irão mas se ver, alguns nunca mais, o tempo e a vida vai afastando
tudo, e dando um demão com a tinta do esquecimento que não tem cor. Sim, tem a
internet, as redes sociais, mas algumas pessoas simplesmente somem, não querem
mais aparecer nem recordar, preferem ser lembradas como neste último dia de
aula, onde tudo são sonhos, o futuro é uma janela de possibilidades. Assinam-se
nos uniformes, nos cadernos, nos livros. Daqui 20, 30 anos olhar para esses uniformes,
para os nomes e apelidos dos amigos. Há um misto de alegria e tristeza, o
último dia é muito intenso, tenta-se prolongá-lo o mais que puder, é confuso, especial, é
nostálgico, já é nostálgico, porque nunca será repetido, nem replicado. Há
aqueles encontros 20, 30 anos depois, mas,
nem todos irão comparecer, alguns até queriam estar, mas nem existem
mais. Outros não alcançaram aquele mundo de possibilidades, perderam-se no
labirinto da vida, vão preferir nem ir. Cada turma de cada série é única, não dá para
explicar o que levou essas pessoas a estarem na mesma classe, que caminho
trilharam seus pais até chegarem na cidade ou se sempre moraram ali. Uma
decisão de nosso bisavô nos fez morar onde moramos, um contratempo de nossos
pais nos fizeram ir para outra cidade, uma escolha nos fez morar num lugar e
não em outro, até mesmo nossa escolha. Mas e aquele aluno que desistiu na
primeira semana de aula?. Poucos se lembrarão
dele ou dela, precisou se mudar, desistiu?. O ser humano tem esse lado
nostálgico, e contraditório, recordar e sofrer por lembrar, ter saudade, querer
reviver aquele momento desbotado. Nem se sabe quando será o último dia de vida,
mas sempre se sabe o último dia de aula.
Festejam a saudade, fazem isso sem ao menos se dar conta, é um dia para se
lembrar, depois quando não puder mais ser prolongada essa despedida, todos
voltarão para casa, pensarão muito nesse dia, de como foi um dia estranho, um
dia se sentimentos ambíguos, contraditórios, vai bater um vazio e uma saudade
já. Eles devem saber, mesmo
inconscientemente, estão impregnando esses uniformes de lembranças, saudades, é
uma bomba-relógio que vai estourar daqui 20, 30 anos, mas, não vai ferir, só
machucar o coração, metaforicamente, com esse sentimento tão humano: a saudade. Despedida e saudade são irmãs siamesas que só são separadas quando uma é morta, a saudade. A saudade é um dos sentimentos que podem ser mortos, matar essa saudade, e todos ficam felizes com a morte dela.
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