Essa foto se encaixa perfeitamente na definição do famoso
fotógrafo, Henri Cartier-Bresson, o "instante decisivo", momento decisivo, no qual o clique vai congelar aquele momento no
tempo, para sempre. Segundo Bresson, nem
antes, nem depois desse momento mágico. Ele é aquele milésimo de segundo. Esse foi um conceito romântico da fotografia como arte. Atualmente, com a
popularização da câmera digital, presente em praticamente todos os acessórios
tecnológicos necessários e digitais, a imagem nunca foi antes proliferada em
tamanha velocidade. Aliada aos softwares e
apps de manipulação, efeitos e filtros, essa velocidade e diversidade é espantosa.
Antigamente, o fotógrafo se assemelhava mais a um sniper, sempre, só disparando
o clique no momento decisivo, hoje, assemelha-se mais a alguém com uma
metralhadora atirando ou tirando fotos a esmo. Eu não acho que seja errado
tirar fotos compulsivamente. As pessoas querem registrar seus momentos descontraídos,
registrar um fato, até mesmo protestar. Sei que muitos irão discordar, dizer
que a imagem está banalizada. A foto do post é muito artística, uma árvore com
copa de nuvem. Há uma árvore, a
paineira, lembro, porque havia uma bem perto de casa, tinha espinhos no
tronco, e apareciam aqueles pontos
brancos que pareciam algodão, as painas. Como uma árvore cheia de espinhos
podia ter pontos que pareciam algodões.
A árvore de algodão doce. A natureza tem uma originalidade que sempre
surpreende. Quando vejo uma árvore sem folhas ou flores, tenho a impressão de
que falta algo ou que ela está esperando a primavera chegar, o verde e o
colorido das flores sempre ficam na nossa imagem da árvore idealizada, a qual
esperamos que preencham nossas expectativas, com uma copa verde e esplendorosa, pode nem ter flores, mas a
ausência do verde é sentida. Uma árvore sem folhas, sem flores, mesmo se a falta for devido a estação do ano ou típica
da espécie de árvore ou planta, mesmo se for artisticamente coberta de gelo por
um inverno rigoroso, a associação entre árvore
e verde é bem forte. Basta imaginar a foto do post sem a nuvem atrás, a imagem
seria mais desoladora, introspectiva e melancólica. Não que a melancolia,
introspecção e desolação não tenham um
valor artístico, inclusive, em trabalhos
conceituais são muito utilizadas. Muitos artistas, escritores e pintores canalizaram sua tristezas, desolações e introspecções na arte, é verdade que é um processo autodestrutivo, em alguns casos, sublimar o sofrimento em arte, o sofrimento físico e mental em arte. Lembrando disso e da foto do post, da cena meio surreal, eu não posso deixar de citar o exemplo da pintora Mexicana, Frida Kahlo. Essas nuvens atrás que disfarçam e preenchem os galhos com uma copa, que mesmo sendo brancas,
distrai-nos, também nos distrai do fato de não haver uma sombra. Quem já se
abrigou de um sol causticante, buscando
proteção embaixo de uma sombra de uma árvore, sentirá mais falta ainda da copa
verde. Quem vive nas grandes cidades, onde predomina o cinza das construções,
sempre sentira falta de uma árvore, mesmo sem folhas e flores, uma árvore é
visão mais bela do que qualquer cinza de uma construção de alvenaria. Eu vou torcer muito para o Brasil ganhar a Copa do Mundo. Vou sempre torcer mais ainda para o Brasil preservar a Copa das Árvores.
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