Toire no Hanako-san, arte digital, autor: HAL-2oo6 |
Nas escolas de ensino médio do Japão, há uma lenda urbana
parecida com a Blood Mary (Bruxa do Espelho), dos Estados Unidos, e a Loira do
Banheiro, do Brasil. Ela é conhecida como: Hanako do Banheiro, o fantasma de
uma estudante que, supostamente, assombra um banheiro. Ela pode ser conjurada,
mostrando-lhe um prova corrigida com nota 100*. Todo estudante, e ex-estudante brasileiro, conhece a lenda
urbana da Loira do Banheiro. Ela tem assombrado os banheiros das escolas por
gerações. A Blood Mary, dos Estados Unidos, assombra banheiros, não
necessariamente das escolas, e costuma ser invocada. O que poucos sabem, é que
no Japão existe uma lenda urbana parecida com as duas citadas, principalmente,
com a da Loira do Banheiro. A lenda
urbana, em japonês, chama-se: Toire no Hanako-san, numa tradução livre, "Hanako
do banheiro". Como todas as lendas
urbanas, é difícil afirmar com segurança sua origem. Embora tenha ganhado força nos anos 80, o
fantasma de Hanako remonta aos anos 50, no pós-Segunda Guerra Mundial, numa das
versões da lenda urbana, Hanako foi uma
estudante morta durante um bombardeio que atingiu sua escola, enquanto ela brincava de esconde-esconde. Dependendo
da escola, e da cidade, a aparência, comportamento, exata localização do box do
banheiro (terceiro box), e o motivo de Hanako não poder descansar em paz,
variam. Numa das versões, ela foi um jovem que sofreu abusos e foi morta pelo
pai demente, noutra, teria sido morta dentro do banheiro por um maníaco,
enquanto tentava se refugir lá. A versão que mais a aproxima da Loira do
Banheiro e a de Fukushima, a qual diz que ela sofreu um acidente na escola,
caindo da janela da biblioteca. A Loira
do Banheiro sofre um acidente, enquanto cabulava aula, escorrega no piso do banheiro feminino, bate
a cabeça e morre. Lugares diferentes, mas mesma morte acidental. Existe uma versão da Loira do Banheiro, aliás,
várias, onde ela é morta dentro do banheiro, pelo zelador da escola ou caseiro. A principal coincidência entre Hanako do
Banheiro e a Blood Mary, numa das variantes das versões, foi que ambas teriam
sofrido bullying na escola, o que fora a causa do suicídio, nos dois casos.
Uma coincidência, que envolve as três lendas urbanas, é que podem ser
invocadas. Chamando-as pelos respectivos nomes, o número de vezes pode variar,
desde 3 vezes, até mais. O número de batidas na porta também pode variar de 3 a
mais, no caso de Hanako-san e da Loira do Banheiro. No caso da Loira do
Banheiro, o ritual de invocação envolve chamamentos pelo apelido, descargas, e
até palavrões (embora, numa versão, dar 3 descargas serviria para fazê-la
desaparecer) , ela é mais informal. Enquanto no caso de Hanako do Banheiro, bate-se na porta (3 vezes, no terceiro box), pergunta-se,
se ela está lá. Se estiver, ela responde sim, em voz fraca, a partir desse
ponto, o melhor é ir embora de lá, aquele que tiver coragem de abrir a porta é
puxado para dentro do box. A lenda de Yamagata diz que, se Hanako-san falar com
você num tom desagradável, algo terrível acontecerá. Outra versão, de Yamagata, diz que Hanako-san
é, na verdade, um lagarto de 3 metros de altura, 3 cabeças e usa a voz doce de uma menina para atrair presas. Em Kurosawajiri (Iwate), diz-se que, uma mão
branca e grande emerge de um buraco no chão do terceiro box do banheiro, se você
disser "terceira Hanako-san" (sanbanme no Hanako-san ). Em Yokohama
(Kanagawa), diz-se que uma mão ensanguentada sai do vaso sanitário, se você
andar em torno dele três vezes, ao chamar o nome de Hanako-san. Um outro fato curioso, sobre a lenda de Hanako
do Banheiro, circula a história de que qualquer um que arranhe o joelho ou
qualquer outra parte do corpo, no playground ou parquinho é infectado com o “Fungo
Hanako”, que faz brotar pequenos cogumelos na casca da ferida. A aparência de
Hanako do Banheiro varia, geralmente, é descrita como uma menina de cabelos
curtos, vestindo uma saia vermelha, porém, noutra versão, ela tem cabelos
compridos. O que diferencia Hanako do
Banheiro da Loira do Banheiro é da Blood Mary, é o modo de conjurá-la ou bani-la.
É dito que para se livrar de Hanako-san, basta mostrar-lhe uma prova corrigida
com nota 100, então, Hanako do Banheiro desaparecerá no ar. Hanako do Banheiro tem verdadeiro pavor de uma
prova gabaritada. No Japão, o sistema de correção de provas vai até a casa dos
100*. Diz-se que boas notas, em geral, afastam-na, talvez, uma nota 55,5 dê
tempo suficiente para correr do banheiro, se a pessoa for imprudente o
suficiente para invocá-la. No caso da Loira do Banheiro, segundo as várias
versões, ela nunca diz o que quer, ninguém fica lá parado para saber, óbvio, o fato da boca e narinas da Loira Banheiro estarem cheias de algodão, tornando impossível sua comunicação, é aterrorizante. Há algumas tentativas de explicar o que ela desejaria, algum tipo de justiça, pelo desleixo na preparação de seu corpo para o velório; não aceitação de sua morte e estado, já que era linda e gostava de estar sempre impecável; ela quer que tirem os algodões de sua boca, algo que não pode fazer por si mesma, então, poderia dizer realmente o motivo de estar vagando pela terra e pelos banheiros das escolas. Independente das nossas crenças, não é
prudente tentar invocar lendas urbanas. É o tipo de coisa que não se ganha nada
fazendo, pelo contrário, pode resultar em problemas psicológicos e traumas. Há um caso nos Estados Unidos, uma jovem foi encontrada morta no banheiro, possivelmente, assustou-se, fechada no banheiro, invocando a Blood Mary, e bateu a cabeça e morreu. O caso foi abafado pela família, não se soube mais sobre isso. No caso de
Hanako-san, evitá-la é muito simples, já que até o possível box de banheiro que
ela habita ou “assombra” já é conhecido, geralmente, o terceiro box. Quando os boatos sobre a Loira do Banheiro,
começaram a circular, esses boatos vão e vem, ao longo do tempo, eu estava no primário, imaginar que uma mulher escondida
lá, pálida, com algodões no nariz e boca, espreitando no banheiro, querendo,
sabe-se o que, era uma visão aterradora, quando se é criança. Diferente, de
anos depois, já na 8.° Série, quando precisei ir ao banheiro, fora do horário
de intervalo, com autorização da professora. Um colega que estava na classe
disse: “Cuidado com a Loira do Banheiro!”.
Não que a Loira do Banheiro fosse uma lenda urbana em decadência. Eu que
tinha crescido. Uma lenda urbana nunca morre, no sentido de ser esquecida, mesmo estando morta ou nunca tendo existindo no mundo real. Ela “vive” no imaginário. Encarei como um
lenda urbana, existente no imaginário estudantil, que não me afetava. Diferentemente,
do primário, a advertência do meu amigo, não surtiu nenhum efeito em mim. Foi a
última vez que eu ouvi falar dela, na minha vida estudantil. Depois, no colegial, noutra escola, nada mais ouvi sobre ela, nem uma piada ou brincadeira. Um outro ponto que diferencia a Loira do
Banheiro das “amigas” japonesa e americana, é que embora, na maioria das
versões, a Loira do Banheiro seja uma aluna, e a idade vária. Em pelo menos duas
ou três versões, ela foi uma linda professora. Numa versão, a professora loira mantinha um romance extraconjugal com um
aluno do colegial, quando o marido descobriu, foi até a escola, surpreendendo-a, e matando-a, dentro do banheiro. Há outra versão, na qual diz
que ela foi torturada e morta por alunos revoltados. Na versão aluna, o que
causou a queda também varia: escorregão
no chão molhado, escorregão num batom que estava no piso, cheiros emanados do
ralo do banheiro, etc. Alguns alegam que a Loira do Banheiro é baseada na
história verídica de Maria Augusta, uma jovem de família rica e influente, que
foge para Paris, depois de desentendimentos em seu casamento arranjado. Quando se
encontrava já inserida na alta sociedade parisiense, 22 de Abril de 1891, ela
morre, não é certo se a causa da morte foi por pneumonia ou hidrofobia, o atestado
de óbito sumiu. Para o translado do
corpo para o Brasil, e para
aguentar a viagem, teria sido usado
muito algodão no corpo para o embalsamamento, o restante de suas joias teria
sido colocado no tórax dela. Dizem que
durante a viagem, as joias foram roubadas. O corpo de Maria Augusta foi velado
no palacete da família, enquanto a
construção da capela no cemitério era terminada. Esse palacete, onde Maria
Augusta nasceu, morou durante um período e foi velada, tornou-se, muitos anos
depois, a Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves, em Guaratinguetá.
Desde então, as primeiras aparições do espírito de Maria Augusta são relatadas,
perambulando pelos corredores, procurando por água nas torneiras dos banheiros,
querendo saciar sua sede, porque a boca e as narinas tinham sido preenchidas
com algodão. Segundo relatos, seria possível sentir seu perfume parisiense, e o
roçar do fino tecido de seu vestido no chão. Uma funcionária da escola afirmou
ter ouvido som de piano. Maria Augusta já teria sido vista em algumas das várias janelas
da escola. Historicamente, essa explicação é perfeita,
confirma que quase toda lenda urbana tem um fundo de verdade, porém, como essa versão
rica, requintada, com fim trágico e mausoléu
no cemitério, transformou-se num simples tombo no banheiro, e as outras
variações?. Como do banheiro da Escola, que um dia foi a casa dela, ela migrou
para o Brasil inteiro, para todos os banheiros de escolas públicas e privadas. Do circuito Guaratinguetá a Paris, surgindo como lenda regional, Maria Augusta não poderia ser a Loira do Banheiro nacional. Por exemplo, a associação Loira do Banheiro e Maria Augusta, nunca existiu na
cidade de São Paulo. Mistérios
insolúveis e fascinantes. Segundo consta, o espírito de Maria Augusta jamais
fez mal nenhum a alguém. Em algumas cidades do Sul, a Loira do Banheiro não é Loira, mas sim tem cabelos pretos. Por todo o Brasil, ela recebe apelidos: Maria do Algodão, Boca de Algodão, Big Loira, Menina do Algodão, Mulher do Espelho (influência da Blood Mary?). O local de aparição também pode variar, saindo das escolas e indo para hospitais, barzinhos, centros comerciais, ou seja, da escola para o trabalho, para a balada e para o hospital. Em algumas regiões do Brasil, pode ter havido confusão com outras lendas urbanas, por exemplo, a Loira que aparece para os caminhoneiros, em banheiros, nas paradas das estradas, durante a viagem, ou pedindo carona, é uma mulher que teria sido atropelada no dia do casamento dela, por um caminhão. Por isso ela assombra, exclusivamente, caminhoneiros. A Mulher de Branco, Noiva de Branco, só tem em comum com a Loira do banheiro, o fato de ser loira e aparecer em banheiros.
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