Há certos costumes que transcendem nacionalidades, assinar o
gesso é um deles. Assinar o gesso do amigo(a) que quebrou algum osso do corpo,
fazia parte dos costumes escolares e de amizade, ainda hoje é assim. Caso a
pessoa tenha um amigo(a) artista, essas assinaturas podem ser
substituídas por nada mais, nada menos que: “A Noite Estrelada”, de Vincent Van
Gogh. O céu tempestuoso e espiralado contrasta com a vista calma do vilarejo à
noite , mas há o detalhe do cipreste, em primeiro plano, que parece “queimar”.
A obra foi pintada de memória, num período muito conturbado (e qual período foi
tranquilo...) da vida do artista, quando se encontrava internado no asilo psiquiátrico localizado em
Saint-Rémy-de-Provence. No livro, "A criação Trágica: Van Gogh", de Frayze-Pereira, editora Vozes, lê-se: "No
confronto entre o céu reconstituído e o céu pintado por Van Gogh, os astrônomos
confirmaram a colocação exata das estrelas e a posição da lua na tela,
revelando a objetividade da observação de Van Gogh com relação à
natureza". A Noite Estrelada
precisou de três noites para ser concluída. Felizmente, eu tive a sorte, até
hoje, de nunca ter quebrado nenhum osso do corpo, não que eu tenha me esforçado
para tentar (inconscientemente), mas numa infância subindo em árvores, eu gostava das mais altas e difíceis de subir, e jogando futebol no campo,
rua e quadra, andar em cima de telhados atrás de pipas (fiz essa besteira uma vez, se o telhado quebrasse...), fazendo trilhas
íngremes na Serra do Mar, foi muita sorte não ter quebrado nada, mas de torcer
o tornozelo e ter que usar uma “bota”, com uma pequena parte de gesso eu não
escapei, mas, felizmente, nenhum osso quebrou. Muitas vezes, na maioria das
vezes, não se sabe a “história” dessas fotos, o que podemos é especular, a
pessoa da foto do post gostava muito de pintura, pode mesmo ser um pintor, ou
alguém sugeriu usar o gesso para reproduzir a famosa pintura de Van Gogh. Ele
poderia mesmo dizer que, por um tempo, teve a tela: A Noite Estrelada, em suas
mãos, ou melhor, em uma das mãos e braço. Generalizamos por braço,
mas, anatomicamente, a parte engessada é o antebraço. Eu nunca ouvi ninguém
dizer: “Quebrei o antebraço!”, creio que um ortopedista diria isso. Um dedo pode
apontar para a noite estrelada, tanto a real, como a pintada por Van Gogh, porém A
Noite Estrelada No Braço engessado foi original dessa foto. Não se pode chamar
de body painting, pois a pele do corpo não serviu diretamente de suporte à
pintura, certamente, deve existir também um body painting, ou bodypainting, de:
A Noite Estrelada, até mesmo uma tatuagem, mas esse gesso da foto do post,
depois de tirado, ficará como lembrança, quem teria coragem de guardar o gesso
retirado como lembrança, a menos que haja uma reprodução de uma pintura de Van
Gogh, acima de tudo, uma grande homenagem a esse gênio e atormentado pintor,
que eu admiro e respeito tanto. Outra
obra que caberia perfeitamente nesse contexto, com gesso, seria: “O Grito”, de Edward
Munch, a associação dor e grito estariam presentes, reforçadas pelo gesso.
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