Cena inusitada, cerca de 1922, o fiscal
de maiô (na legenda dizia que era um agente da lei) averiguando se o comprimento do maiô da mulher está de acordo com a
regra normativa puritana vigente. O guardião da moralidade mede com uma fita
métrica, caso não esteja de acordo com as normas, a mulher deveria abandonar a
praia ou lagoa, terminava ali um agradável dia ensolarado. Certamente a cena é constrangedora, caberiam muitas
considerações, falso moralismo e hipocrisia seriam apenas algumas delas. O
lugar parece ser os Estados Unidos, cada estado americano tinha e tem suas
próprias leis. No Brasil, onde foi idealizado o ousado fio dental, essa cena
jamais aconteceria, mas isso não foi verdade. Aconteceu algo pior e bem depois de
1922. O ex-presidente da república, Jânio Quadros, no curto período de tempo
que governou, antes de renunciar, proibiu o biquíni nas praias e os maiôs em concursos de beleza. Segundo ele, às forças ocultas, em 1961, foram a causa da renúncia dele. O biquíni
e o maiô não foram as primeiras vítimas de Jânio Quadros. Quando ele foi
governador de São Paulo, em 1957, outra
media reacionária autoritária causou muita discussão, Jânio Quadros proibiu o
rock de ser tocado nos bailes do Estado de São Paulo. Por sorte, a banda de
rock Biquíni Cavadão só surgiu nos idos dos anos 80 ou estaria duplamente
enquadra nas medidas esdrúxulas de Jânio Quadros. De qualquer forma, Jânio
Quadros viveu para ser testemunha ocular do triunfo do biquíni e do rock na roll.
Embora se precise levar em consideração
o contexto da foto do post, os costumes da época, parece um total desperdício de
recursos públicos, já que o agente fiscal poderia estar fiscalizando algo que
realmente viesse a lesar o consumidor, como a falta higiene em estabelecimentos
públicos que servem comida. Se pensarmos que o short, bermuda e camiseta regata que os homens usam contemporaneamente, no passado, eram considerados roupa de baixo, mas não se pode comparar a vestimenta da cidade, do dia a dia, com os trajes de banho. De vez em quando, no Brasil, surgem prefeituras fazendo proibições por decreto
que são as mais absurdas, já tentaram proibir o traje caipira em concursos de
quadrilha; forçar os padres a usaram batina sempre que circulassem em locais
públicos; proibir o ato público. Felizmente, esses decretos são derrubados por
serem inconstitucionais, se não fosse assim, seria capaz de eles fazerem um
decreto revogando a lei da gravidade.
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