Não é o Brasil, mas esse progresso nefasto está generalizado
pelo mundo. Em pouco mais de seis anos a paisagem campestre, até bucólica, foi
engolida por prédios, complexos industriais, poluição visual, pelo fluxo de
carros, a pacata rua, é provável, virou acesso para outra rua movimentada ou
rodovia. Muitas vezes, as pessoas não percebem o antes e depois, não tão
drasticamente como na imagem, pois as construções vão acontecendo pouco a pouco.
Depois que as cidades ficam como na segunda foto, o sonho das pessoas é morar
numa cidade que seja igual a da primeira foto. É comprovado que nas cidades com
poluição as pessoas vivem menos. Alguém que passou a infância numa cidade,
dificilmente, irá encontrá-la do mesmo jeito, é provável que a encontre irreconhecível, quando for visitá-la. Em certos
casos, bairros que eram, exclusivamente, residenciais, aos poucos, foram se
transformando em bairros industriais. Será que o progresso precisa ser nefasto?.
Os nostálgicos campinhos de futebol de várzea são cada dia mais raridade. Essa
falsa ideia de que o progresso é bom. A pergunta é: Para quem o progresso é bom?. Seria bom se
ele pudesse viver em harmonia com o meio ambiente. Eu ia dizer que as cidades
estão virando uma selva de pedra, mas esse termo está muito saturado de tanto
ser usado, parece mais um deserto de cinza, onde cada parque, por menor que
seja, é um oásis. O conceito, a ideia de subúrbio, passa longe das cidades
americanas. Os subúrbios nossos, na maioria, são todos industrializados e sem opção de lazer. Se o
progresso é inevitável, pelo menos, ele não deveria ser nefasto. O cinza
continua engolindo o verde. Por exemplo, nas fotos acima, com base nos trilhos,
nenhum dos lados, onde o verde era exuberante, foi poupado. Um posto de saúde, uma
escola, uma pequena indústria, alguns comércios, algumas habitações poderiam
ser um meio de coexistir inteligentemente, mas não, tudo precisa ser destruído,
tornado cinza sistematicamente, totalmente. Na primeira foto, é possível ver
uma construção, um prédio, no canto superior direito. Aos poucos, o verde é
sitiado, invadido, o concreto da alvenaria concretiza, não um sonho, mas o
pesadelo cinza. Quando os sítios são sitiados pela dura realidade da alvenaria. Em quantos lugares do mundo, esses 6 anos depois estão
acontecendo?. Esse depois é continuado, progressivo. O prédio, tímido ao fundo, foi ficando desinibido, convidou um e
outro amigo de alvenaria, quando as árvores perceberam já era tarde demais, mas os
prédios tem uma terrível vantagem, contam com os amigos humanos. As pobres
árvores só podem assistir, estáticas (claro), a desigual luta. Felizmente, há
pessoas e instituições que se importam, reverter a situação, porém, ainda
levará algum tempo. Quando as pessoas visitam parques, pensam por que não
poderia haver mais parques, no fundo, elas estão se perguntando por que há
tantas construções e tão pouco verde. O progresso arborizado, com bolsões de verde,
parques, é o que todos desejam. De vez em quando, surge alguma ideia política para iludir as pessoas, você está pensando que esse de vez em quando, na verdade, é quase sempre, por exemplo, pintar os viadutos de verde, quase tão genial quanto pintar as copas das árvores de cinza. Claro que as intervenções urbanas são bem-vindas, embelezam as cidades, eu já fiz
vários posts sobre elas, concreto grafitado com arte, tira aquela sensação
triste do cinza, agora, aumentar o verde camuflando construções de verde, é, no
mínimo, ridículo. Seria melhor distribuir óculos com vidro colorido verde para
a população. Que os viadutos sejam pintados de outras cores, que o verde seja realmente das folhas das copas das árvores.
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