A trégua de Natal de 1914 foi um dos momentos nos quais a humanidade pode comprovar o
verdadeiro espírito de Natal, mesmo que por um breve período, sob condições
inimagináveis, esses soldados foram sensibilizados pelo verdadeiro sentido do
Natal. A Primeira Guerra Mundial
mostrou, pela primeira vez, as consequências de uma guerra mecanizada, com
metralhadoras, a guerra total, industrializada, onde a ciência foi usada para
produzir armas mecânicas e químicas, entre elas, o temível gás mostarda. Nessa
guerra, foi introduzido o lança-chamas, pelos alemães, que logo surgiram do
outro lado, e o aparecimento do tanque de guerra, usado pelos britânicos. O resultado foi uma atrocidade com milhões de
baixas, com o ser humano mostrando seu lado bestial, como nunca fora visto
antes, infelizmente, com a Segunda Guerra, outras monstruosidades foram
cometidas num grau tão absurdo que só vendo documentários para se ter alguma
noção sobre. A trégua de Natal, de 1914,
foi espontânea e totalmente contra a vontade dos comandantes. Na véspera de
Natal, os ingleses notaram que os alemães improvisavam enfeites de Natal,
usando velas e cantavam músicas natalinas, desconfiados, continuaram a
observar, então, eles mesmos começaram a
entoar sua canções de natal. Ao longo das trincheiras, alguns alemães que
falavam inglês gritaram Feliz Natal para
os ingleses, estes retribuíram também aos votos de Feliz Natal. A trégua de
Natal aconteceu em vários setores, ao longo do espaço entre as duas
trincheiras, chamado de Terra de Ninguém. Aconteceu também entre os outros
aliados franceses e belgas e o inimigos
alemães. A mais marcante, certamente,
foi a entre os ingleses e alemães, eles trocarem chocolates, bebidas e
lembranças. Houve até uma partida de futebol entre ingleses e alemães. A
vitória da partida é atribuída aos alemães,
3x2, mas isso jamais foi confirmado, ainda é dito que houve um empate. A
bola teria sido furada, quando atingiu, acidentalmente, o arame farpado. A
confraternização e a partida de futebol realmente aconteceram, não resta a
menor dúvida, independente do resultado da partida de futebol, até há registros
fotográficos, da confraternização e da partida. A trégua de Natal aconteceu em alguns setores,
mas noutros não. A apuração dos fatos provou
que as tréguas nos setores aconteceram
de maneira espontânea, por isso ela é foi tão surpreendente. Quando os
comandantes ficaram sabendo dessa estritamente proibida trégua de Natal, da confraternização
de Natal, da partida de futebol, eles arrumaram um modo de isso não voltar a
acontecer nos anos seguintes, com a artilharia intensificando os bombardeios nos
de Natais seguintes. Embora a maioria dos soldados ter confraternizado de puro
coração, alguns soldados, de ambos os lados,
aproveitaram para observar possíveis falhas de segurança na trincheira
do inimigo. Alguém, na Terra de Ninguém, deu uma espiada . Eu me lembro de que,
há muitos anos, assisti ao clip do Paul McCartney: “Pipes Of Peace” (Flautas da
Paz), mas não soube, na época, que era baseada em uma história real, ainda mais
pela partida de futebol, que eu achei muito surreal na época. Quando eu estava
no 3° colegial, um colega de escola disse que tinha um livro muito interessante,
que ele tinha emprestado de um amigo dele, o livro era: “Nada de Novo no
Front”, do escritor alemão que lutou na Primeira Guerra, Erich Maria
Remarque. Meu colega de classe precisou
se mudar para o outro Estado. Eu disse que enviaria o livro pelo correio, assim que o lesse, o livro não era dele, eu
insisti, ele concordou. Eu estava achando o livro muito interessante, pela
sinceridade, verdade e coragem que as linhas transmitiam. Eu já tinha lido até
a parte que eles visitam o Kemmerich no hospital militar. Lembro-me de que
pensei o seguinte: é muito bom estudar, e não ter que estar numa guerra.
Dependendo do país época que nascemos, o destino poderia nos colocar no meio de
uma insanidade dessas. Acontece que eu também me mudei em seguida, o livro já
estava com a capa saindo, eu acabei
perdendo o livro, só restou a capa, que aliás, eu ainda tenho até hoje guardada.
Depois de outras mudanças, eu nunca mais o encontrei. Apesar de poder
comprá-lo, até emprestá-lo na biblioteca, dois motivos devem ter me levado a
não terminá-lo de ler, pensando que
algum dia que eu poderia reencontrar o livro, eu fui deixando pássaro tempo
(deixando nada, o tempo passa sem pedir lincença)s, mas sempre sendo incomodado
por deixar algo sem terminar, coisa que eu sempre odiei fazer, deixar algo
inacabado. Outro motivo, creio, foi por eu tê-lo associado, inconscientemente, à primeira vez que eu me mudei de casa, eu fui
protelando a leitura. Infelizmente, eu perdi o endereço do meu colega de
classe, e não me lembro do sobrenome dele. Com os 100 anos que marcaram o
início dessa calamidade, que foi a Primeira Guerra Mundial, eu achei que já era
hora de terminar esse livro, eu o li em ePub (abreviação de Electronic
Publication - Publicação Eletrônica). O
livro é excelente, eu o terminei de ler faz poucas horas. Não foi nenhuma
coincidência, os 100 anos do início do conflito, e a comovente Trégua de Natal,
foram os estímulos para a leitura, ou melhor, o término dela. Esse livro: “Nada
de Novo no Front” (A Oeste, Nada de Novo) foi queimado pelos Nazistas, quando
livros são proibidos ou queimados, isso é um péssimo sinal. Por ser considerado
um dos primeiros livros pacifistas e antibélicos, o livro causou a ira dos
nazistas, a versão americana do filme, para
o cinema, lançada em 1930, na Alemanha, foi sabotada pelos nazistas que
soltavam ratos dentro do cinema para tumultuar as sessões, posteriormente, usando
o tumulto para proibir a exibição do
filme. Quando filmes são proibidos ou censurados, é outro péssimo sinal. Há outra versão do filme, de 1979, com o ator
do seriado Os Waltons, Richard Thomas, interpretando Paul Bäumer, e o ator Ernest
Borgnine, que além de tantos filmes, foi o copiloto do seriado Águia de Fogo.
Todos os horrores da guerra e como ela transforma pessoas simples e pacatas em assassinos
bestiais, estão contidos nesse livro.
Como uma geração inteira foi perdida, e o que realmente acontecia no Front, que nada tinha a ver com a aura heroica
e romântica da guerra, com o alistamento militar sendo estimulado, até pelos
professores e pais, na época, como um meio viável para resolver pendências
políticas, infâmias e questões territoriais. Erich Maria Remarque, o autor do
livro, avisado que seria preso pelos nazistas, foge com seu cachorro para os
Alpes Suíços, posteriormente, tem sua cidadania alemã anulada. A irmã dele, porém, não teve a mesma
sorte, foi denunciada por ter falado
que, se tivesse a chance, ela mesma mataria Hitler, foi decapitada. Indignado, Erich
Maria Remarque, com o término da Segunda Guerra, já morando nos Estados Unidos e visitando sua
terra natal, disse que não viu nenhum nazista perder a cidadania alemã, depois
que a Segunda Guerra terminou. O mais triste
é que o livro de Erich Maria Remarque, “Nada de Novo No Front”, não
conseguiu evitar os horrores maiores ainda da Segunda Guerra Mundial. O livro que Hitler escreveu, chamado: "Minha
Luta", continha as sementes de ódio, e o ensaio das insanidades e atrocidades que estavam por vir, que causariam a morte de cerca de 50 milhões de
pessoas. Pensamos por que todo dia não poderia ser Natal, por que o espírito de Natal não pode continuar, mesmo depois que os enfeites são desmontados, e as árvores de Natal são guardadas.
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