Sistema Antifurto Dos Desesperados

        Ter o carro roubado é uma grande dor de cabeça. A frustração de ver o local vazio, onde o carro tinha sido deixado é um misto de impotência e derrota, às vezes, o carro ainda estava nas prestações iniciais de pagamento, pior ainda, por falta de dinheiro, o carro não estava no seguro. Os marginais acompanharam a tecnologia, seja um sistema de alarme sofisticado ou travas mecânicas, eles tentam sempre conseguir um meio de burlá-las para cometer os furtos. Usam bloqueadores de sinal para impedir que a localização através do GPS aconteça. Nas reportagens policiais, a população fica sabendo os apelidos bizarros que os bandidos colocam nesses dispositivos para bloquear os sinais. Eles até conseguiram um dispositivo para bloquear o travamento do carro. Enquanto o motorista ativa o alarme, ao sair do carro, o marginal fica escondido impedindo que o veículo seja de fato travado, tudo através do controle remoto. Para tentar evitar a qualquer custo que um bem que foi comprado com tanto sacrifício, seja roubado, algumas pessoas tomam atitudes desesperadas, na tentativa de evitar esse furto, até que algum dispositivo antifurto mais eficiente seja instalado. Nesse da foto do post, a pessoa, desesperadamente, passou fita plástica "prendendo" o carro ao poste, praticamente, plastificou o carro, amarrando-o no poste. Parece que é uma cena de ficção científica, onde uma aranha gigante sentiu o carro enroscando na teia, em seguida, ela o enrolou, para comer mais tarde, faria mais sentido se fosse um New Beetle (Besouro), o novo Fusca, da famosa montadora de veículos alemã. Se assim fosse, seria uma interessante intervenção urbana ou arte urbana. Já outras medidas desesperadas foram tomadas por donos de veículos que queriam acordar e ver o carro no mesmo lugar que deixaram, antes de dormirem. Há uma foto de um carro, onde os 4 pneus foram retirados, e o veículo colocado em cima de quatro latas de tinta. É difícil realmente saber o que a pessoa que enrolou esse carro no poste, estava pensando, talvez, acreditando na ideia de que o marginal escolherá outro carro para ser roubado, algum que ele não tenha o "trabalho" de rasgar o frágil plástico. Quem sabe, o ladrão tenha pena de todo esse trabalho que ele (ou ela) teve para embrulhar o carro junto com o poste e não o roube. Se ele tivesse enrolado o carro com plástico bolha, junto ao poste, talvez, o bandido se distraísse estourando as bolhas e desistisse de roubar o carro, por falta de tempo ou por ter se divertido. Foi-se o tempo em que as pessoas podiam dormir com as portas de casa sem trancar, deixar o carro "dormir" na frente de casa e encontrá-lo no mesmo lugar no dia seguinte. É bem provável que, um dia, o dono desse carro acorde e veja apenas um monte de plástico espalhado no chão, pois apareceu um marginal cruel, que não achou graça nenhuma nessa medida desesperada e decidiu estragar o dia de mais um cidadão honesto, trabalhador. Não importa muito de qual parte do mundo essa foto é, ela significa o medo, a insegurança, o temor plastificado, preso num post estático de impotência. Uma outra possibilidade para essa foto, é um pai ou mãe que não queria que o filho pegasse o carro. Para evitar que ele saísse com o carro, usando a chave reserva, resolveu prender o carro ao poste. Deve ser primeira vez que um poste e um carro não estão envolvidos num acidente, mas juntos numa cena urbana estranha. É um carro embrulhado, não para presente, mas com sentimento de insegurança.

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