Espantando o Tédio Desenhando Tornados

As últimas folhas ou as folhas perdidas no meio do caderno universitário eram usadas para fazer desenhos e rabiscos, quando se aguardava tocar o sinal da última aula naqueles minutos finais. Era difícil encontrar essas folhas depois, sempre se esquecia de arrancá-las do caderno.

Os desenhistas aproveitam esses minutos para criar algo, fazer uma caricatura do professor(a) também, mas sempre com receio de ele(a) ver o desenho, afinal, nem todos os professores queriam ser caricaturados.

Sempre existia aquele desenhista que desenhava no meio da aula, pior, nem era a aula de educação artística. Quem não sabe desenhar, ao se ver entediado, pode desenhar tornados estilizados para espantar o tédio.

Esse tornado já é expressionismo puro, ajuda para espantar o tédio. Felizmente, esse tornado criado pela arte não causa nenhum prejuízo. Dentro dele não há destroços, galhos, poeira, névoa. Ele só toca a folha de caderno e a imaginação de quem o vê.

Eu estava tentando me lembrar onde eu já tinha visto esses tornados, ou redemoinhos, lembrei, foi em uma embalagem de lápis para desenho da Faber-Castell, que trazia as gradações: B, 2B, 3B, 4B, 5B e 6B. O tornado feito a lápis servia para demonstrar o poder de cobertura (grau de preto) da mina do gravite.

O furação alimentado pelo tédio pode ser feito com caneta, lápis, giz, pastel seco ou oleoso, isto é, com o que puder deixar marcas numa superfície.  Com um pedaço de graveto pode ser feito na natureza, no chão ou na areia da praia, continuando inofensivo, ao mesmo tempo, em contato com a natureza.

O Saci-Pererê, famoso personagem do folclore Brasileiro, consegue uma fuga espetacular, usando um redemoinho de vento para se deslocar rapidamente. Para prendê-lo, é preciso jogar uma peneira em cima do redemoinho, isso para o redemoinho e faz o Saci aparecer, em seguida, rapidamente, tira-se a carapuça dele, prendendo-o dentro de uma garrafa.

Até hoje, ninguém conseguiu tal façanha, embora possa desenhar tornados, o Saci-Pererê prefere usar redemoinhos como meio de locomoção rápida e fuga espetacular.
 

Num post antigo, eu escrevia que as lendas urbanas e personagens folclóricos podem e devem coabitar o mesmo universo fantasioso. O Saci-Pererê chegando de redemoinho na festa de Halloween impressionaria todos os personagens norte-americanos até o Cavaleiro Sem Cabeça.

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