Praça Móvel

Sempre que nos lembramos de uma praça, vem a imagem do banco, árvores, jardim, flores. Alguém dando comida aos pombos, um pipoqueiro, sorveteiro. Mães conversando e crianças brincando.

É uma lembrança bem idealizada, bucólica. Sentar-se no banco e pensar na vida. Enquanto pessoas passam para lá e para cá. Em alguma cidade ainda deve ser assim, mas o que se vê em muitas regiões são praças abandonadas que servem de ponto de consumo e tráfico de drogas.

Dependendo da praça, mesmo de dia, o risco de ser assaltado é enorme, enquanto se atravessa entre bancos e árvores. O tradicional coreto foi aos poucos foi desaparecendo, assim como a expressão: “bagunçar o coreto”, que os bisavôs usavam. Em algumas cidades, ainda se pode ver um coreto que corre o risco de ser bagunçado.

As praças eram os lugares onde os amigos se reuniam para conversar, os casais para namorar. Um ponto de referência. Quando havia um compromisso de trabalho, uma praça próxima era o lugar ideal para se esperar o tempo passar, até dar a hora do início da aula, ou quando não se queria chegar cedo demais em algum lugar com hora marcada.

A Praça inspirou um programa humorístico que vem passando de geração a geração, de pai para filho: “A Praça é Nossa”. Inspirou um dos filmes mais humanos já vistos: Forrest Gump - O Contador De Histórias. Era no banco da praça que ele contava para as pessoas os momentos mais dramáticos e felizes da vida dele.

A lembrança de uma praça sempre existirá na nossa mente. Queremos acreditar que ela ainda está lá, igual recordamos, mesmo que não esteja mais ou que esteja diferente, ainda haverá um banco, uma árvore, um jardim dos quais nos lembramos.

Uma certeza que se tem é que ela estará lá. Imaginá-la se movendo por aí seria surreal, mas aparece alguém que pensa: “por que não posso ter uma praça particular e móvel?”.

Ao invés de se sentar, ver pessoas e carros passando, a praça se desloca como um trailer. Uma praça particular, móvel. Viajar sentando no banco da praça não é mais só viajar nos pensamentos é viajar no espaço.

Quando chover, basta entrar dentro do carro. O cachorro também gostaria demais, na coleira, ela poderia aproveitar a paisagem, há grama e uma árvore para as necessidades. A placa: “não pise na grama é desnecessária, é uma praça particular, onde só amigos são bem-vindos.

A grama do vizinho é sempre mais verde, diz um ditado americano, que é um modo disfarçado de revelar a inveja, além de ser mais verde, ela está numa praça particular móvel com banco.

Imaginar a menina da foto dizendo na escola que o pai tem uma praça móvel, é difícil de se acreditar, imagine os colegas de classe dela.

Explicar para alguém seria divertido, o carro não está próximo da praça, o carro carrega a praça. Se o carro fosse vendido, o metro quadrado da praça deveria ser calculado junto com o trailer, a estrutura metálica, valorizando o carro ou vende-se uma praça com carro.

Se for roubado, será fácil de localizá-lo, a menos que praça e carro sejam separados. A polícia recebendo um chamado, avisando que existe uma praça abandonada na esquina de uma rua, pareceria um trote.


Há um potencial econômico para o dono da praça particular móvel, ele poderia vender algum produto na praça, sorvete, cachorro-quente ou cobrar uma quantia para quem quisesse tirar uma foto sentado no banco da curiosíssima: Praça Móvel.