O Natal Virtual da Pandemia


 

Todos fomos pegos numa pandemia que não acontecia desde 1918 do século passado.

Se não bastasse a carnificina em escala industrial da primeira guerra mundial e as repercussões pelo mundo todo, o vírus da chamada gripe espanhola (que nem surgiu na Espanha) já se espalhava pelos campos de batalha no final de 1918.

Quatro anos antes, na véspera de Natal de 1914, soldados britânicos e alemães se confraternizaram, na famosa trégua de Natal, trocaram bebidas, chocolates e comida entre si. Houve até uma partida de futebol que terminou empatada. 

O Natal de amanhã será lembrado, daqui a 100 anos, como o Natal do distanciamento social, Natal da Pandemia, das perdas. Até o momento da escrita desse post são 189.220 vítimas fatais, que não vão passar o Natal e Ano Novo com a família, nem mais momento nenhum com ninguém. 

Infelizmente, muitas pessoas serão contaminadas pelos próprios entes queridos, como vem acontecendo, desde início da Pandemia. Amanhã, o “presente de grego” de muitos será o vírus Covid-19 trazido por algum irresponsável que irá lá “comemorar”. Comemorar o quê? O risco do contágio? 

Muitas pessoas se cansaram do vírus (mas ele não quer desistir das pessoas), muitos relaxaram no distanciamento social, uso de máscaras e outros cuidados e partiram para uma roleta-russa com o vírus, expondo-se, se contaminando, espalhando o vírus, morrendo e trazendo a doença para os parentes. 

Só com a ciência e vacinas é que a pandemia será controlada. Não adiantou negar, fingir que já tinha acabado. A segunda onda matou o “novo normal”. Esse novo “normal” está sendo leitos lotados, número de mortos se aproximando de mil por dia, novamente, explosão de novos casos. 

O vírus não liga para convenções, sentimentos humanos, amor, paixão e saudade. 

Ele só executa o que é da natureza dele, o que está no código dele: espalhar-se do jeito mais eficiente possível, ir se aperfeiçoando, potencializar-se e diversificar o número de vítimas. 

O vírus já sofreu mutações, a nova cepa que se espalha no Reino Unido está mais propensa a contaminar crianças, sendo 70% mais transmissível que as cepas anteriores. 

Não faz sentido passar o Natal com parentes ou amigos, depois, ser internado na UTI, além de ter o risco de morrer, mesmo escapando da morte, a recuperação é lenta, sofrida e, em muitos casos, cheia de sequelas. 

Não há clima para confraternização (a não ser a virtual), nem nada pra comemorar, só vai restar a dúvida, depois que todos colocarem a máscara de volta (para comer, tem que tirar máscara, claro...). “Será que tem alguém sem sintomas, expondo todos no ambiente, será que eu peguei, será que passei sem querer”. 

A boa notícia é que nunca a ciência trabalhou tão rápido para desenvolver vacinas, várias delas. O presente que a maioria quer esse ano é a vacina, mas ficará para o ano que vem. 

As reflexões de fim de ano, devem ser parecidas com as de 1918, pelo menos, as existências. As vantagens nossas, os contemporâneos dessa Pandemia de Covid-19, são as ferramentas da internet para interação virtual entre pessoas e entre pessoas e inteligência artificial. 

Os mensageiros e plataformas para reuniões de trabalho ou lazer nunca foram usados tanto na história recente. 

É o mundo que estamos hoje, essa distopia de meses, essa realidade alternativa que o Covid-19 causou. Traumas e situações limite que ainda vamos lembrar e ficar conhecendo por anos. 

Claro, tem pessoas que, simplesmente, não gostam de Natal, pelos mais variados motivos que devem ser respeitados. Se é difícil para nós, imaginem quem viveu em 1918. 

Os antissociais e aqueles com TOC de limpeza estão sendo os mais preparados para enfrentar tantos meses de isolamento e distanciamento social e executar os protocolos de higiene para evitar de se contaminar e contaminar outras pessoas.

Até a vacina estar disponível para aplicação em massa, no ano que vem:

NADA DE NOVO NO FRONT...

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