Aglomerações, Festas Clandestinas e a Dança da Morte ou Dança Macabra


 

La Danse Macabre, a representação artística e literária do final da idade média, foi fortemente influenciada pelo impacto do flagelo da Peste Negra. 

A Dança Macabra ou Dança da morte permeou pinturas, gravuras, esculturas música e literatura. Os traumas da Peste Negra ecoaram por muito tempo.

Não há consenso se a origem foi em Paris, nos afrescos pintados no Cemitério dos Santos Inocentes, em 1424. Na Alemanha, no convento dominicano de Wurzburgo, 1350, ou na Espanha. 

O livro de poemas com ilustrações baseadas nos murais do cemitério francês, publicado por Guyoyt Marchant, em 1485, foi grande sucesso. As ilustrações sintetizam de maneira precisa, simples e impactante a morte.

Em várias pinturas e xilogravuras, os esqueletos, que representam a morte, aparecem conduzindo pessoas de todos as classes para os túmulos (ou para morrerem em qualquer canto mesmo...). Reis, camponeses, padres, artesãos. Numa das ilustrações, os esqueletos invadem a tipografia.

A morte é a única certeza, ela é universal e alcançará a todos, essa era a mensagem que as ilustrações medievais passavam. No nosso presente, porém, está claro que muitos estão acelerando o processo da morte, da autodestruição e da falta de respeito com eles mesmos e com os outros.

Na última semana, no Brasil, as mortes e contaminações por Covid-19 vêm batendo recordes. Não é que a história se repete, da Peste Negra e Gripe Espanhola, é a ignorância e o descaso de parte da população e dos governantes que acelera a disseminação do vírus. 

Muitos dançando nas festas clandestinas, flertando com a morte, dançando com morte e convidando-a de carona para visitar, e levar, os parentes que tentam não se contaminar. 

É tudo tão surreal, parece que muitas pessoas estão cometendo um tipo suicídio coletivo “velado”. 

Hospitais entrando em colapso. Leitos para Covid-19 com 100 por cento de ocupação. Ontem, houve um novo recorde de mortes e número de contaminados por dia. 

O Brasil vive o momento mais crítico da Pandemia. 

Só a vacina, distanciamento social e os protocolos de higiene vão acabar com essa Dança Macabra. As pessoas continuam se aglomerando, muitas não usando máscara. 

A sensação de quem está vivo, lutando para não se contaminar, é que muitos desistiram de ficar nas trincheiras do isolamento social e foram para a "terra de ninguém" para se aglomerar, contrair o vírus, disseminá-lo, matar a própria família e morrer.

Caso não morram, como conseguem conviver com essa culpa? Se é que se sentem culpados.

Marcos temporais já começaram a ser colocados, em homenagem aos mortos pelo vírus. Essas placas, os túmulos e os restos mortais são capsulas do tempo que vão emanar pela eternidade a aura sombria que estamos presenciando.

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