Dificilmente associaríamos uma trompa com um skate, o
erudito e o radical, ainda com o elemento fogo. Andar num skate em chamas, já
foi feito. Infelizmente, já houve incêndios
em palcos, nos quais orquestras fariam apresentações. Um skatista saltando por um círculo de fogo, seria radical e
perigoso, se já não foi feito, pode ser feito. Não creio que os skatistas
ficariam muito empolgados com a apresentação da orquestra sinfônica na cidade,
quero dizer com isso que não seria o programa preferido deles. Por outro lado,
os integrantes da orquestra sinfônica
não ficariam muito entusiasmados em ir à pista de skate bowl (bacia) para assistirem às manobras
radicais, a não ser que o filho estivesse participando. É bem provável que o grupo de músicos, a
orquestra sinfônica, preferisse comparecer à concha acústica para ouvir ou
tocar. Muitas das bandas californianas de hardcore, dos idos dos anos 80, são
as preferidas de skatistas, algumas são até citadas como responsáveis por
originarem termos como skate punk. Obviamente, a associação entre skate e surf,
não precisa ser lembrada, ou precisa?.
Surfistas cansados e entediados por esperarem as ondas, colocaram
rodinhas de patins numa prancha, Califórnia, final da década de 1950. Uma
miniprancha (shape) com rodinhas de patins, patins numa prancha, Skateboard,
ampliando o conceito visionário e surreal, da época, surfar em terra firme,
claro, sem água, o resto é história. Não é à toa que muitas bandas surgidas na
Califórnia são preferidas tanto de skatistas como de surfistas. A associação
entre skate e Hip Hop, ou o Hip Hop sendo trilha sonora para o radicalismo do
skate também existe. Creio que o que
estamos pensando é: O que tem a ver o
skate com estilo musical?. Se a pessoa
gosta de música sertaneja ou MPB, ela não pode andar de Skate?. Nada impediria, mas para ser aceito num grupo
ou tribo urbana, há uma identidade visual, musical e comportamental com códigos
e gírias que precisam ser observados, seguidos. Essa afinidade no estilo musical, no
vestir, no agir, nas gírias é a liga que dá consistência à tribo urbana. Um skatista que chegue ouvindo a Nona
Sinfonia de Beethoven, numa roda de amigos, não terá muita chance de ser
aceito pelo grupo. Vale lembrar que de insatisfações podem surgir dissidências ou
subtribos discordantes ou com leituras próprias e revolucionárias de vanguarda de um movimento, ou seja, essa pessoa não aceita pode originar uma outra vertente, bastam que outros descontentes se juntem a ela. Nos campeonatos, a trilha sonora de fundo, durante as competições, segue essa
afinidade: bandas reconhecidamente que Skatistas curtem. O mais interessante de
tudo é que sempre existirão as pessoas que não querem fazer parte dessas tribos
urbanas, elas romperão esse paradigmas, essas diretrizes, esse códigos e farão
prevalecer a liberdade individual, de expressão que não tem vínculos com tribos
urbanas, estilos, moda, mesmo que sejam “banidas” do movimento ou sofram um
ostracismo, muitas vezes, por vontade própria mesmo. Essa foto do post é um claro rompimento, alguém que buscou um caminho próprio: um radicalismo erudito, a trompa cuspindo fogo. Ele precisa ser convidado para participar da orquestra sinfônica que tocou a trilha sonora do filme: Carruagens de Fogo. Ele não é uma lenda urbana, a mula sem cabeça, soltando
fogo pela boca (se não tem cabeça, como podia soltar fogo bela boca?). Ele é o
Skatista Trompista, Trompista Skatista ou Skatista Com Sua Trompa Pirofágica.
Creio que a imagem possa representar as fases que os homens passam, durante a
infância: 1.ª A fase percussionista ou ligada à música, tirar sons de latas,
panelas, principalmente, quando nossos pais estão na sala, querer tocar algum instrumento musical; 2.ª A fase pirofágica, muito perigosa, tentar manipular o fogo, colocar fogo em
objetos, mexer com produtos inflamáveis (isso pode causar cicatrizes permanentes e mortes, creio que as crianças que não superam essa fase tornam-se incendiários, quando
adultos, felizmente, eu superei essa fase). 3.ª fase, praticar e se interessar por algum esporte ou hobby. Quanto a segunda fase, sei que a pirofagia é uma arte circense antiga, cuspir fogo, manipular o fogo, passá-lo pelo corpo, sem queimar-se, arriscada e executada por profissionais altamente treinados. O que quero dizer é que pirofagia não é "brincar com fogo", quis usar o termo relacionado a um encantamento ancestral pelo fogo, que creio, hoje, estar sendo substituído pelos jogos online com muito fogo virtual que, felizmente, não queima ninguém.
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