Menino abismado ao assistir televisão pela primeira vez, em
1948, através do vidro de loja de eletrodomésticos. As crianças, nos anos 40,
usavam terno, parece estranho, hoje, mas era assim mesmo que se vestiam. Todos, alguma vez, já
ficaram admirando os mais novos lançamentos de aparelhos de TV, através do vidro
das lojas de eletrodomésticos ou no
próprio interior da loja, não como se fosse a primeira vez, mas com muito
interesse. É o que se chama ficar
“namorando”. Esse fascínio ainda continua, mas, hoje, as televisões perderam
espaço para os computadores, tablets, ultrabooks e os dispositivos móveis de
última geração. Dificilmente, alguém se
lembrará da primeira vez que assistiu à televisão, pelo simples fato de antes
mesmo de nascermos, já haver uma em
nosso lar, éramos tão novos, tão bebês que não conseguimos nos lembrar. Como nunca é bom generalizar, deve haver
pessoas que se lembram da primeira vez que assistiram à televisão, ou seja, na
infância ou mesmo na idade adulta. Apesar do esforço governamental de levar luz
elétrica a todos os lugares do Brasil, deve haver ainda algum vilarejo ou tribo remota
que não as possui. Depois da inclusão digital, ainda a inclusão elétrica pode
custar a chegar a alguns lugares. Anos
atrás, lembro-me de uma famosa foto, quando a primeira televisão comunitária
foi instalada numa vila, e a expressão de um morador de boca aberta,
literalmente, vendo as primeiras imagens na televisão, fascinado. Esse menino da foto do post, viveu no pós-guerra, antes mesmo do término da Segunda Guerra, a
Guerra Fria já estava a caminho. Com a popularização da televisão nas décadas
seguintes, convivendo com a Guerra Fria, os programas de televisão e cinema
americano incorporaram a ameaça soviética em filmes e seriados, as ameaças de
invasão alienígena e monstros, retratados nos filmes, nas décadas seguintes,
significavam, na verdade, o medo da ameaça soviética e do comunismo. Houve uma
exceção a essa regra, o seriado Star Trek, Jornada nas Estrelas, tinha como um
dos tripulantes um russo, Pavel Andreyevich Chekov, em pleno auge da Guerra Fria, aliás, o seriado tinha
uma tripulação multirracial e interplanetária, Spock era metade Terráqueo,
metade Vulcano, em termos ufológicos, ele era um híbrido. Os vídeos
institucionais, durante a Guerra Fria, ensinavam as crianças a se deitarem no
chão ou se abrigarem embaixo de carteiras, caso estivem na escola, se vissem o
clarão, que era uma ogiva nuclear detonada em solo americano, a chance de
sobreviver a um ataque nuclear, sem estar num bunker, era muito remota, todos
sabiam que os mísseis intercontinentais, de ambos os lados, levavam cerca de 30
minutos para atingirem os alvos, não importa quem lançasse o primeiro míssil, o
contra-ataque do outro lado já estaria a caminho. Essa foi a tese mais forte
para isso nunca ter acontecido, não importa quem atacasse primeiro, nenhum dos
lados seria o vitorioso. Mesmo assim, em 1962, na chamada: Crise dos Mísseis
Cubanos, isso esteve perto de acontecer. Um importante filme feito para a TV americana, ajudou na conscientização do perigo de uma guerra nuclear, o filme:
The Day After (O Dia Seguinte), 1983, mostrou
de modo real e dramático as consequências de uma guerra nuclear, onde ambos os
lados são derrotados por destruição, e os sobreviventes sofrem os terríveis efeitos da radiação, o filme chocou na época, até hoje, permanece válido, o medo de algum ditador louco ter acesso ou desenvolver armas nucleares ainda ronda o mundo. Vale lembrar que os dois lados,
durante a guerra fria, chegaram a possuir ogivas nucleares suficientes para
destruir a Terra várias vezes. Nesse meio tempo, a televisão se tornou um dos
meios de entretenimento mais famosos de todos os tempos, serviu de vitrine e
divulgação das bandas de rock, as quais se apresentavam nos programas mais
famosos de auditório dos Estados Unidos, lançou moda, noticiou acontecimentos
me mudaram o mundo, conquistas médicas e espaciais, a ida da espécie humana à Lua, serviu de instrumento de
doutrinação, até foi chamada de babá eletrônica, o mesmo acontecendo no Brasil,
posteriormente, mostrou o fim da Guerra Fria, a queda do muro de Berlim, o colapso
da ex-União Soviética. A televisão dava
o circo, apesar de não dar o pão, ela fazia propaganda de produtos alimentícios
e faturava alto com Publicidade e Merchandising, e ainda fatura, bem menos, é verdade. A publicidade
digital já superou a impressa nos Estados Unidos, o mesmo deverá acontecer
com a publicidade na televisão que está migrando para a internet. Assim como o rádio, ninguém nunca terá coragem
de dizer que a televisão morreu, já faz algum tempo que ela não reina absoluta nos lares, hoje, com a internet, cada pessoa
faz sua própria grade de programação. O computador e os dispositivos móveis de
última geração assimilaram a televisão. Sim, a maioria dos lares ainda tem uma televisão,
se estão sendo assistidas, já é outra história, a tentativa dos programas de
imitar a linguagem da internet, até com ícones e “interatividade”, parece
desesperada, agora, além do núcleo pobre e rico, há um núcleo internético. Há programas que até tentam emular, imitar, as redes sociais. As
emissoras já estão cientes sobre isso, faz algum tempo, os portais e a
disponibilização da programação na internet, por uma assinatura pequena, nada
mais é do que o reconhecimento desse fato. Com
a reputação que a televisão alcançou, ninguém tem coragem de dizer que ela está
morrendo, os meios de comunicação que se achavam formadores de opinião,
arrogantes, estão se desmantelando. Assistimos ao que queremos, não as opções
que são apresentadas. A possibilidade de checar uma notícia na internet, combate o jornalismo tendencioso, muito diferente de antigamente. A internet e o computador venceram essa guerra com uma
arma mortal, os internautas não só acessam e assistem ao conteúdo que lhes
interessa, como eles mesmos geram conteúdo. Qualquer um pode ser dono de um
canal na internet, webtvs, numa plataforma é possível até fazer o streaming de
vídeos ao vivo. O último suspiro da televisão é tentar fazer amizade com o
computador, ter acesso à internet. Isso
seria uma televisão disfarçada de computador?. O computador fez a infiltração,
assimilação e derrotou a televisão, muitos ainda terão uma televisão na sala, quarto ou cozinha, como uma homenagem às gerações anteriores, pelos
serviços de entretenimentos prestados pela televisão àqueles
das gerações da sessão da tarde, seriados, filmes, desenhos animados, eu me
incluo nessa geração. Mesmo agonizando, a televisão ainda emana uma aura de respeito, talvez, mais de nostalgia. Não há como negar que a própria programação da televisão catalisou o processo de "morte". Embora a televisão esteja cada vez maior e mais fina, ela está sendo menos assistida. É possível que esse menino da foto do post esteja ainda
vivo. Ele viu o surgimento da TV preto e branco e em cores, do videocassete, DVD. Viu a guerra
que o pai dele provavelmente lutou, e a que ele talvez tenha lutado, Vietnã, virarem
jogos de videogame e serem jogadas pelos netos e bisnetos. Todos, adultos e crianças, estão sempre aguardando algo
novo que surgirá, tecnologicamente, podemos não ficar tão impressionados, mas
queremos ser surpreendidos, sempre. Algum novo aparelho ou tecnologia que nos faça ficar impressionados. Para aqueles apresentadores, atores e
atrizes que se achavam tão importantes, arrogantes, que se aqueciam na fogueira
das vaidades televisivas, o computador e a internet chegaram e os “queimaram”. Alguns "famosos" da televisão nem existem na internet, outros são castigados nas redes sociais por asneiras ou atitudes. Antes, muito se falava em ibope, mas qual
seria o número de pessoas que trocaram a televisão pela internet?. Num futuro,
o que pode preocupar não é se tal programa está em segundo ou primeiro lugar ou quantos pontos ele esta fazendo, mas se
ele está sendo assistido...
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