Esta é uma brincadeira bem antiga, fingir que o chão é lava
incandescente, ou areia movediça, e ir pulando em cima dos móveis, sem tocar ou
cair no chão, caso contrário, morreria de mentira. Brincadeira que já deve ter
ocasionado muitas quedas, fraturas e partes do corpo roxas. Nessa fase da vida,
nosso poder de imaginar está muito aguçado, tanto para lava imaginária
incandescente, magma, quanto para monstros no guarda-roupa e debaixo da cama.
Os móveis estão queimando na lava e afundando na areia movediça, o que requer
um tempo imaginário para que se faça o percurso, pulando em cima dos móveis.
Não importa como os móveis foram parar na areia movediça ou como o chão da sala
se transformou numa nem se existe um vulcão adormecido perto de casa. Era um
desafio feito quando os pais não estavam perto, assim como ficar pulando em
cima da cama. Com a evolução dos videogames, essa perigosa
experiência imaginária pode ser feita com o ponto de vista em primeira pessoa,
com um capacete de realidade virtual ou óculos 3-D, a sensação vivida é bem
próxima à realidade. Simuladores devem, no futuro, transmitir sensação térmica,
calor ou frio, olfativa também, cheiros e aromas, e algumas experiências com
cinema 4-D já têm sido feitas. A sensação de assistir a um filme em casa, em
3-D, nas Smart TVs, e a sensação que a lava quente, folhas, estilhaços de
explosões, faíscas estão acontecendo em plena sala, realmente, “engana” o
cérebro. Para as pessoas que, realmente, vivem próximas a vulcões, a relação de
respeito e ódio pelos vulcões deve ser incômoda, quando não, trágica. Não saber
quando ele voltará a entrar em erupção é como morar próximo a uma bomba
relógio. Cenas impressionantes já foram gravadas por moradores, numa delas, a
lava vem, lentamente, entrando pela casa, queimando tudo e preenchendo o
espaço dos cômodos. Quando ficou seguro voltar, o morador ficou em cima do
teto da casa, refletindo, havia pouco espaço para entrar dentro, onde só havia
lava petrificada, rocha recém-formada. Muitos não desistirão de morar no mesmo
local ou próximo, reconstruindo por cima. O vulcão é uma força furiosa,
destruidora, mas, quando ele se acalma, a obstinação humana de morar
em lugares tão inóspitos, perigosos, continua. Seja por falta de opção,
condição financeira ou gostar mesmo do lugar em que se vive, muitos continuarão
a viver em função do “humor” do vulcão. Os vulcões foram e são importantes, mas
apenas a má reputação deles é lembrada, morte e destruição, até extinção de
espécies, no passado, segundo alguns cientistas. Se os vulcões submersos não
tivessem entrado em erupção, há milhões de anos, não existiriam as ilhas havaianas.
No Japão, uma ilha vulcânica vem
crescendo desde 2013, uma cratera continua expelindo magma, regularmente, de 5
a 6 veze por dia, diariamente. Os vulcões foram importantes na formação as
primeiras rochas, atuando diretamente na formação do relevo da terra e no modo
que os continentes foram se configurando. Os vapores d’água e gases, expelidos
continuamente, quando entravam em erupção, foram muito importantes, há bilhões
de anos. A relação da espécie humana com vulcões melhorou muito, algumas
culturas que se desenvolveram próximas aos vulcões, costumavam sacrificar pessoas,
periodicamente, para “acalmar” o vulcão. Muitos morreram por causa do vulcão, jogados dentro da lava, ou sacrificados fora dela, podemos ter certeza que não eram os filhos nem parentes dos nobres, nem dos
chefes das tribos, mas pessoas comuns.
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