Fusca-Aranha: O Besouro Que Virou Aranha

       Se existe um carro que tem histórias para contar, é o Fusca. A fama mundial e nacional foi reforçada no cinema com a famosa franquia dos estúdios Disney: “Se Meu Fusca Falasse”, as aventuras do emotivo fusquinha Herbie. Os estúdios de desenhos animados, Hanna-Barbera, também perceberam o potencial do fusca e lançaram: “Wheelie and the chopper Bunch”, batizado no Brasil de: “Carangos e Motocas”. O desenho fez muito sucesso na década de 70, até os anos 80. O fusquinha Wheelie vivia salvando a namorada Ronda e de olhos atentos para as armações das quatro motocas, a Turma do Chapa, que vivia planejando emboscadas para o fusquinha Wheelie. Quando os planos não davam certo, uma pequena irritante e repetitiva moto dizia: “Eu te disse, eu te disse, mas eu te disse, eu te disse, eu te disse, eu te disse...” Um dos motivos para a fama do desenho, no Brasil, era que muitas pessoas tinham um fusca ou tinham um parente que tinha, um amigo, conhecido. No Brasil, o fusca desembarcou em 1951. Em janeiro de 1959, era o primeiro modelo a ser construído no país. A produção encerrou-se em 1986. O fusca retornou em 1993, essa retomada durou três anos, quando, em 1996, o saudoso fusca despediu-se da linha de montagem aqui no Brasil. Fatos curiosos da cor do fusca, no Brasil, graças a música: Fuscão Preto, interpretada por Almir Rogério, nenhum homem mais queria ser visto dentro de um fusca na cor preta. A música, uma sofrência cornal  pop/brega dos anos 80, fez o corno (na música) ter raiva do fuscão preto, ao invés de entender os motivos da infidelidade. O que o fusca tinha a ver com isso? De qualquer forma, a música estourou, bombou, e os pedidos de fuscas na cor preta despencaram. Não foi a primeira vez que a montadora alemã foi prejudicada pela cultura pop/brega ou por piadas que se espalham. O humorista Ary Toledo, nos shows, contava uma piada com o teto solar do carro, chamando de carro "CC" (carro de corno), que a abertura no teto, o teto solar, era para o chifre sair, ventilar, refrescar. Quem tinha o carro começou a vendê-lo barato, para se livrar das piadas, e fama sem fundamento nenhum, ou pagava para o teto ser coberto. As brincadeiras foram tantas que a montadora alemã fez o modelo com teto solar sair de linha. O fusca foi associado com a cantora Fafá de Belém, Fusca Fafá, dessa vez, não pela letra de música, mas pela associação entre o aumento dos faróis do fusca e os seios da cantora, que não eram siliconados. A montadora alemã ainda teve a extinta Brasília (amarela) revisitada na música dos Mamonas Assassinas: “Pelados Em Santos”. Quem não descobriu que o símbolo ou marca da montadora alemã foi invertido, colocado de cabeça para baixo, o V transformou-se em A, e usada como pingente no colar da ilustração feminina da capa do CD.  Sobre a foto do post, que creio seja americana, o dono da automecânica fez o fusca, que também tem o apelido de besouro, virar uma aranha, mesmo faltando duas patas (pernas), faltou um par, mas quem vai ligar para um detalhe desses, parecendo mais um ser de outro planeta, saído da ficção científica. Essa criatividade pode ser vista também em robôs ou bonecos de latas formados a partir de peças de carro, colocados na frente de mecânicas, funilarias, um tipo de totem de propaganda feito pelos proprietários. Nesse caso, propaganda é a aranha-armadeira do negócio. Quem passar perto é envolvido por uma teia de curiosidade, admiração.  Esse fusca já teve rodas, como num mutação (graças a um bom soldador), agora tem pernas. Há colecionadores de fuscas que não trocam a raridade por nada. Os Fuscas Clubes, espalhados pelo Brasil, lembram que paixão não se explica, até mesmo aquela que se sente por carros.

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