Comendo Hot-Dog Com o Pikachu e o Caso Do Pânico Pokémon

       A vantagem de se convidar um bicho de pelúcia para comer um cachorro-quente é que ele não vai reclamar da comida, não vai dizer nem fazer nada inconveniente. Ele poderá entrar em qualquer estabelecimento comercial, sem ser barrado. Quem sabe a mulher da foto tenha ido comprar o Pikachu de pelúcia, na volta, estava com fome, decidiu passar numa lanchonete, para comer um hot-dog e ficou com dó de deixar o Pikachu sozinho no carro, dentro de uma sacola. Pode ser que ela tenha decidido levá-lo de casa mesmo, comer fora e ter alguma companhia. Há ainda uma terceira explicação, existe uma criança na foto, que é a dona do bicho de pelúcia, ela saiu por ali perto, para já voltar, e alguém tirou a foto da mulher junto com o Pikachu. Se não houver uma criança ausente na foto, pode-se imaginar os olhares das outras pessoas sobre a mulher, comentários maldosos sobre se ela bate bem da cabeça. Não se pode negar que a cena é estranha O cinema ajudou cristalizar a imagem da loucura como uma mulher segurando uma boneca a qual ela julga ser uma filha, não que tenha sido inventada pelo cinema, mas deve ter sido inspirada em sanatórios, manicômios e hospitais psiquiátricos. A foto pode ser, simplesmente, uma pegadinha para ver a reação das outras pessoas a situações estranhas que fogem ao comportamento considerado “normal” ou das convenções da sociedade. O Pikachu, este simpático roedor amarelo que foi inspirado no raríssimo coelho Ili Pika, das montanhas chinesas, esteve envolvido no que ficou conhecido como "Pânico Pokémon". Não foi culpa do Pikachu, mas do efeito hipnótico usado num dos episódios, onde as bochechas do Pikachu piscaram tão rápido (mais de 10 vezes por segundo), nas cores diferentes, vermelho, branco e azul, durante 5 segundos. Esse pisca-pisca frenéticos de cores, alternadamente, causou epilepsia fotossensitiva em cerca de 700 pessoas que estavam assistindo ao desenho, a maioria crianças e adolescentes, em 16 de dezembro de 1997, na capital do Japão. Yukio Fukuyama, psiquiatra especialista em epilepsia, na época, chamou a doença de Epilepsia Televisiva. Shozo Tobimatsu, Dr. do Departamento de Neurologia clínica da Universidade de Kyushu, em Fukuoka, Japão, atribuiu o ataque epilético nas crianças à combinação da alta frequência do sinal com a ordem das cores utilizadas vermelho-branco-azul. Esta técnica subliminar onde o efeito de luzes alternadas piscam freneticamente em velocidade taquiscocópica, é tão rápido que só pode ser percebido subconscientemente, você está recebendo a informação/estímulo, mas sem se dar conta. O resultado foi trágico, o sistema neurológico sofreu um “curto-circuito” epilético, causado pelo bombardeio de luzes e pisca-piscas.  A maioria das crianças nunca tinham tido ataque epilético antes. Na época, o fato repercutiu internacionalmente, quando a diversão de assistir um desenho animado, em frente a TV, transformou-se em desmaios, vertigens, vômitos e ataques convulsivos. Flávio Calazans, doutor em comunicação pela USP, classificou o "Pânico Pokémon" com os outros dois fenômenos que foram marcantes na história da comunicação do século passado, o primeiro foi quando Orson Welles narrou, pelo rádio, a Guerra Dos Mundo, causando pânico em milhares de pessoas, nos Estados Unidos, que acreditaram que a terra estava sendo invadida por extraterrestres. Orson Welles é considerado o primeiro trollador a usar um meio de comunicação em massa para sacanear uma nação inteira, pense no faria o diretor e ator de Cidadão Kane com a internet à disposição. O outro fato foi quando Jim Vicary aumentou em 60% a venda de produtos, usando taquicoscópica subliminar no intervalo das sessões de cinema, em Nova Jersey.

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